segunda-feira, 20 de setembro de 2010

ONG sugere plano para reduzir 25% da circulação de carros em SP

O Movimento Nossa São Paulo apresentou nesta segunda-feira, na Câmara Municipal de São Paulo, um plano de mobilidade urbana para reduzir em 25% o número de carros que circula diariamente na capital paulista. O plano prevê, principalmente, a expansão dos corredores de ônibus, investimento em ciclovias e mudanças em políticas habitacionais.


Na área do transporte coletivo, o plano defende a construção de 2,4 mil km de vias reservadas ao tráfego de ônibus nas principais avenidas da capital paulista, inclusive nas marginais dos rios Tietê e Pinheiros. Segundo Ricardo Corrêa, urbanista do TC Urbes, consultoria que participou da elaboração do projeto, esses corredores serviriam como artérias de conexão entre regiões da cidade com as redes de metrô e trem já existentes.

Essas redes, de acordo com o plano, ainda seriam ligadas a microrredes de transporte coletivo que atenderiam bairros de São Paulo. Pela proposta, os passageiros poderiam usar todas as formas de transporte coletivo pagando somente uma passagem.

O sistema de transporte coletivo seria também conectado a 500 km de ciclovias. Nas áreas de cada uma das 31 subprefeituras de São Paulo, seriam construídas vias reservadas para as bicicletas, criando a possibilidade de os habitantes circularem dentro de bairros sem usar carro ou ônibus. "Em vias locais, a prioridade seria dada às bicicletas e aos pedestres", diz Corrêa.

A urbanista Simone Gatti, também do TC Urbes, afirmou, entretanto, que as propostas não serão completamente efetivas sem uma nova política habitacional para a cidade. Nesta política, também tratada no plano do Movimento Nossa São Paulo, estariam previstas medidas para a "centralização" da capital para que a população deixasse de ocupar áreas da periferia e reduzisse seus deslocamentos.

"A habitação interfere diretamente na mobilidade urbana", disse Simone. "Precisamos compactar a cidade, centralizar a população e descentralizar a oferta de emprego", afirmou.

De acordo com as expectativas do plano de mobilidade, com todas essas medidas, um quarto da população paulistana deixaria o carro em casa. Desta parcela, mais de um terço passaria a usar os corredores de ônibus para se locomover.

Isso faria com que a quantidade de viagens realizadas por dia no sistema de transporte público aumentasse de 23 milhões para 26 milhões. O uso das bicicletas também aumentaria.

Em compensação, São Paulo reduziria em 30% o volume de gás dióxido de carbono (CO2) emitido anualmente. Por ano, 391 t do gás, que é um dos causadores do aquecimento global, deixariam de ser liberados na atmosfera.

O plano de mobilidade será entregue a autoridades municipais e estaduais. O secretário-executivo do Comitê Municipal sobre Mudanças Climáticas, Volf Steinbaum, único representante dos governos presente na apresentação do projeto, disse que a iniciativa tem propostas interessantes, mas que precisa ser melhor debatido.

Hidrovias podem reduzir tráfego de cargas
O estudo também defende a criação de hidrovias para reduzir em 30% o tráfego de cargas na região metropolitana de São Paulo. "Utilizar os rios Tietê e Pinheiros como meios de transporte de cargas significa tirar do trânsito da região metropolitana uma boa parte das 400 mil viagens de caminhões por dia ou 1 bilhão de toneladas de cargas por ano", afirma o documento.

As hidrovias ajudariam ainda a reduzir a emissão de poluentes e o preço do frete, pois o sistema hidroviário é mais eficiente do que o rodoviário, sob o ponto de vista econômico. Segundo Gatti, "São Paulo é quase uma ilha cercada pelos rios Tietê e Pinheiros".

Projetos em execução devem aumentar o trecho navegável do Rio Tietê de 41 km (da barragem Edgar de Souza, em Santana do Parnaíba, à barragem da Penha, zona leste da capital) para 55 km. Estudos para a construção de um hidroanel metropolitano preveem ainda a ligação do Tietê com 30 km de trecho navegável na Represa Billings.

Fonte: Terra Noticias

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