Nestes últimos dias, um e-mail vem fazendo sucesso na Internet. Trata-se da propaganda eleitoral do humorista Tiririca. Ele é candidato a deputado federal por São Paulo. Cearense de Itapipoca, Francisco Everardo Oliveira Silva, seu nome oficial, tem repetido alguns bordões que encantam o público paulista: “Vote em Tiririca porque pior do que tá não fica”. Outro: “Sou candidato a deputado federal… Mas o que é que faz um deputado federal? Na realidade eu não sei. Mas vote em mim que eu lhe conto…”
Esse “cabeça chata” terá uma grande votação, diferentemente do conterrâneo, Ciro Gomes, que mesmo transferindo o título, não teve coragem de enfrentar o eleitorado paulista.
Na verdade, Tiririca explora o mesmo filão iniciado pelo rinoceronte Cacareco, habitante do zoológico de São Paulo que, nas eleições de 1958, ganhou cerca de 100 mil votos para vereador da capital.
Foi o mais votado. Outro que ficou famoso foi o Macaco Simão, chipanzé do zoológico do Rio de Janeiro. Lançado como candidato a prefeito – 1988 – teve mais de 400 mil votos, alcançando o terceiro lugar, de um total de 12 candidatos.
Depois que introduziram as urnas eletrônicas e os candidatos foram previamente inscritos, ficou impossível essa eleição “espontânea”. Só os registrados podem ser votados. Isso não impede porém o aparecimento de tipos hilários e/ou bizarros. É só assistir aos programas eleitorais. E, ávidos por votos, os partidos pegam qualquer um.
Confesso que não consigo ver graça nisso tudo. Sou de uma geração que saiu às ruas para brigar pelo direito de votar. Onde muitos pagaram com a vida, com cadeia e exílio, a democracia que hoje buscamos construir. Não. O voto não pode ser tratado com tamanho desdém ou gaiatices.
Porém, sinto mais indignação com os que mentem ao povo, fazendo promessas impossíveis ou subornando através da compra de votos. Estes nem palhaços são. Melhor lhes cabe o nome de bandidos.
Antonio Mourão escreve semanalmente para OPOVO
Médico, antropólogo e professor universitário
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